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Serviços Aeromédicos x COVID-19

Serviços Aeromédicos x COVID-19

Escrito por Aron Bergman

Alguém já se perguntou como é realizado o transporte de pacientes suspeitos ou infectados no serviço aeromédico? Ou qual é o procedimento para desinfetar aeronaves? Como proteger a tripulação, os mecânicos e o apoio em terra? Quais são os melhores produtos disponíveis no mercado? Essas ações funcionam? O ar na cabine pode ser contaminado?

De qualquer forma, existem várias perguntas e elas também têm várias respostas, mas não é fácil encontrar algo efetivamente padronizado ou com todas as informações consolidadas. Tenho a sensação de que estamos navegando em rumos diferentes, às vezes em direções opostas quase em rota de colisão, cada um traçando seu plano de voo, mas não tenho certeza de que temos os dados corretos para chegarmos com segurança ao destino final.

Nunca na história recente da aviação mundial enfrentamos uma pandemia de proporções como a do SARS-COV-2, pois se espalharam tão rapidamente por todo o mundo e nos isolaram. Não estávamos preparados para isso, nunca imaginamos que algo assim pudesse acontecer, e a verdade é que ainda não estamos preparados.

Durante a epidemia de Ebola (2013–2016), que afetou principalmente os países africanos, tivemos o transporte de pacientes infectados a bordo de aviões médicos, usando protocolos muito específicos, como o uso de cápsulas de isolamento de pacientes com o ar externo.

Durante essa pandemia de COVID-19, não há consenso sobre o uso ou não dessas cápsulas, ou seja, alguns estão adotando essa prática, outros apenas colocam máscaras cirúrgicas em seus pacientes. Mas e a tripulação? E a equipe médica a bordo? Como você lida com esse fator de risco?

Durante as conversas que tive com diferentes operadores aeromédicos, no Brasil e no exterior, a principal informação que recebi foi: “existe um medo e apreensão por parte da tripulação quando se trata de transportar suspeitos ou não com o COVID-19”.
E depois de ouvir isso, a pergunta foi: “Será que, além de toda a carga que um voo aeromédico exige da tripulação, esse fator psicológico não significaria um risco adicional e latente?”

Recentemente, houve um acidente nas Filipinas de um voo aeromédico levando um paciente com COVID-19 e, é claro, não me atreveria a dizer qual foi a causa do acidente, essa é responsabilidade das autoridades investigadoras, mas o fato é que que existe um fator psicológico envolvido, especialmente quando a tripulação não está bem informada sobre o uso de EPI e que medidas estão sendo tomadas para minimizar sua exposição a esse risco de contágio.

Isso pode ser um conforto para as tripulações e outros envolvidos na operação, além de dar maior segurança durante a execução do voo, eliminando parte dessa carga psicológica, garantindo que essas ações sejam eficazes na redução de sua exposição e que outras estão sendo estudadas para serem implementadas no curto prazo. Comunicação e transparência é a chave!

Quando um piloto decide fazer vôos aeromédicos de forma constante ou mesmo esporádica, ele sabe que em algum momento pode enfrentar uma situação que o expõe a vários riscos de contaminação, mas ninguém está 100% preparado para isso, nem mesmo os médicos e os enfermeiros, imagina um piloto, mecânico ou apoio de solo, portanto, é necessário treinar, expor o risco, criar protocolos e procedimentos robustos, usar equipamento adequado e, principalmente, trabalhar o psicológico. Você já pensou no que pode acontecer se uma equipe, por falta de uso de equipamento adequado, sem treinamento, sem conhecer o risco exposto, sem protocolo, se contamina e leva o vírus ao seu círculo de convivência? Seria catastrófico!

Diante de tudo isso, vejo que precisamos de um ambiente colaborativo para trocar idéias, procedimentos, protocolos, quais equipamentos usar, como tratar o paciente, como tratar a equipe, os mecânicos e o apoio em terra, etc. Todos devemos fazer o nosso!!! Como outras indústrias, os operadores aeromédicos no Brasil e no mundo precisam trocar essas informações e criar protocolos e procedimentos padronizados para essa pandemia e para outras que estão por vir.

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